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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

sons

não se sacia a sede
do ser ausente
só se consome

 Foto: Mayara d'Paula

carta suicida

Onde nasce essa tormenta?
Meu refúgio é o limite da minha tortura latente.

Já pensei esquecer...
... mas segui o caminho da sedução.
E é tão difí[á]cil não ter,
o que toquei por fotografia.

Vem... que as páginas do meu livro estão em branco.
Vem... prende o negro dos meus olhos, tire o frio da minha barriga, e o tempo padece.

Faz que durma tranqüilo, meu corpo prometido à morte, até que o sopro da noite, amanhece um cacto:
o espinho.
Verde que todo jardim gostaria de ter.

 Foto: Mayara d'Paula

passarando

o pássaro
passará
no futuro
do presente

no gerúndio
permanecerá
abrindo
e
fechando
suas asas
de bicho
na gramática
imperfeita

e no tempo de ir
irá
como veio

 Foto: Mayara d'Paula

carta

Minha vida se enfeitou de lírios e jasmins.
E o cheiro que de suas palavras desprendia
era puro sândalo a me embriagar de paixão e temor.
Eu cantarolava seus arranjos.

E a melodia que aqueles verbos entoavam,
faziam meu peito se inflar de suspiros sufocantes.
Cada acento que usavas elevava também minha alma.
E não me importava o tempo verbal.
Cada um que conjugavas aos meus ouvidos,
olhos e boca, parecia estar sempre flexionado
em postura de reverência.

Os adjetivos que vinha compartilhar comigo
eram giz de cera a me colorir
com aquela beleza tão luminosa.

O compasso que marca meus pensamentos
voltou a se orientar.
E a ternura que então dominou minha alma
foi a mesma que fez meu corpo de encharcar de luxúria.
E eu me deleitava.

Somente no fim eu lançava maldições.
Contra o tempo.
Que por inúmeras vezes estava entre nós,
me roubando seus versos encantados.

 Foto: Mayara d'Paula

á[r]vidas


meus galhos
vermelhos e azuis
me sustentam pela vida

 Foto e Arte: Mayara d'Paula